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Boa reportagem é fruto de muito trabalho e um pouco de sorte

30 jul

Texto: Eduardo S. Nascimento (2º ano ECA-USP) / Foto: Germano Assad

Palestrante Leandro Colon

Palestrante Leandro Colon

Leandro Colon, jornalista responsável pela série de matérias sobre os Atos Secretos do Senado publicadas no Estado de São Paulo, conta que os atos já eram semi-conhecidos no meio jornalístico de Brasília, mas nos 15 anos em que a prática se prolongou não houve provas concretas de sua existência.

Com a crise que sofria o Senado no primeiro semestre de 2009, iniciou-se uma movimentação interna para “lavar” os atos, publicando-os em na rede de computadores interna do Senado como “atos excepcionais”. A grande contribuição das fontes em off, diz Leandro, foi terem-no avisado dessa movimentação.

Outras fontes importantes foram edições passadas dos Diários Oficiais, para checagem – “não adiantava publicar um ato secreto e depois descobrir que não era secreto” -, além de antigas investigações da Polícia Federal sobre nomes encontrados nos Atos.

“Isso não é sorte, é fruto de conhecer as ferramentas do sistema, de ter boas fontes”, diz o repórter. Depois de conseguir cópias dos documentos, afirma que a dificuldade era encontrar personagens conhecidas para deixar aquela informação mais próxima do leitor. A primeira descoberta foi um neto de José Sarney, seguido por outras pessoas próximas ao presidente do Senad0.

Para cobrir um assunto com tamanha relevância, o jornalista se dedicou exclusivamente ao tema durante todo os dias em que foi capa do jornal e diz que para fazer jornalismo desse tipo você tem que abdicar da sua vida por um tempo. É preciso ter certeza dos relatos e, principalmente, “para criticar não é preciso perder o respeito, você precisa de fatos”. Como as denúncias eram graves e contra políticos poderosos, qualquer falha poderia ser fatal para toda a cobertura: “A gente não pode errar, não pode dar nenhum passo em falso”.

Sobre as consequências de suas matérias, afirma que “fica satisfeito em poder contar para as pessoas o que está acontecendo” e que essa foi “a maior crise pela qual o Senado brasileiro já passou”. Depois dela, a Controladoria Geral da União (CGU) iniciou processos contra Sarney.

No dia 31 de julho de 2009, a justiça do Maranhão impediu o Estadão de continuar a cobertura do assunto. Esta censura prévia completou um ano de existência no último dia do 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.

Clique no nome da palestra para fazer o download da apresentação, e no nome do(s) palestrante(s) para visualizar o(s) currículo(s):

Dos atos secretos aos secretos atos de José Sarney

Leandro Colonleandrocolon@gmail.com

O 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio de Claro e Tetrapak, o apoio do Centro Cultural da Espanha em São Paulo, do Knight Center for Journalism in the Americas, do Open Society Institute, da Ogilvy, do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo e a parceria do Fórum de Acesso a Informações Públicas, do Centre for Investigative Journalism , da UNESCO e da OBORÉ.