Texto: Eduardo S. Nascimento (2º ano ECA-USP) / Foto: Germano Assad
Leandro Colon, jornalista responsável pela série de matérias sobre os Atos Secretos do Senado publicadas no Estado de São Paulo, conta que os atos já eram semi-conhecidos no meio jornalístico de Brasília, mas nos 15 anos em que a prática se prolongou não houve provas concretas de sua existência.
Com a crise que sofria o Senado no primeiro semestre de 2009, iniciou-se uma movimentação interna para “lavar” os atos, publicando-os em na rede de computadores interna do Senado como “atos excepcionais”. A grande contribuição das fontes em off, diz Leandro, foi terem-no avisado dessa movimentação.
Outras fontes importantes foram edições passadas dos Diários Oficiais, para checagem – “não adiantava publicar um ato secreto e depois descobrir que não era secreto” -, além de antigas investigações da Polícia Federal sobre nomes encontrados nos Atos.
“Isso não é sorte, é fruto de conhecer as ferramentas do sistema, de ter boas fontes”, diz o repórter. Depois de conseguir cópias dos documentos, afirma que a dificuldade era encontrar personagens conhecidas para deixar aquela informação mais próxima do leitor. A primeira descoberta foi um neto de José Sarney, seguido por outras pessoas próximas ao presidente do Senad0.
Para cobrir um assunto com tamanha relevância, o jornalista se dedicou exclusivamente ao tema durante todo os dias em que foi capa do jornal e diz que para fazer jornalismo desse tipo você tem que abdicar da sua vida por um tempo. É preciso ter certeza dos relatos e, principalmente, “para criticar não é preciso perder o respeito, você precisa de fatos”. Como as denúncias eram graves e contra políticos poderosos, qualquer falha poderia ser fatal para toda a cobertura: “A gente não pode errar, não pode dar nenhum passo em falso”.
Sobre as consequências de suas matérias, afirma que “fica satisfeito em poder contar para as pessoas o que está acontecendo” e que essa foi “a maior crise pela qual o Senado brasileiro já passou”. Depois dela, a Controladoria Geral da União (CGU) iniciou processos contra Sarney.
No dia 31 de julho de 2009, a justiça do Maranhão impediu o Estadão de continuar a cobertura do assunto. Esta censura prévia completou um ano de existência no último dia do 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.
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Dos atos secretos aos secretos atos de José Sarney
Leandro Colon – leandrocolon@gmail.com